O jogo simbólico nas Perturbações do Espetro do Autismo

09-04-2021

Na definição de jogo simbólico, mais conhecido como "brincar ao faz de conta", entram as capacidades de criar situações, contextos e identidades para objetos e pessoas, onde se inclui a própria criança. O jogo meramente motor distingue-se facilmente do jogo simbólico porque neste último a imitação de comportamentos, papéis sociais (pai, mãe, filho, professor...), personagens ou situações do dia a dia (cozinhar, cuidar do bebé...), têm um papel fulcral. Assim, a criança reproduz vivências anteriores como estratégia para atingir o objetivo do comportamento que serviu de modelo, e pode, por exemplo, explorar e atribuir diferentes funções a um mesmo objeto, afinal, no seu mundo simbólico, uma bola pode ser uma bola mas também uma maçã, um ovo ou uma pedra preciosa. Este tipo de jogo permite à criança desenvolver a sua criatividade, competências de comunicação e linguagem, de interação e relação com os pares mas também expressar-se através do brincar.


Nas crianças com Perturbação do Espetro do Autismo encontramos frequentemente a capacidade de simbolização comprometida o que se manifesta em padrões de jogo e de brincadeira atípicos, com sequências rígidas, menos variadas e elaboradas e, claro, mais concretas e menos simbólicas. O jogo/brincar adquire padrões mais repetitivos e sem a inovação e diversidade característica da ação.


Embora as crianças com Perturbações do Espetro do Autismo possam revelar capacidade para a simbolização, é comum a dificuldade em mostrá-la de forma espontânea, com a criatividade e flexibilidade que a caracterizam. Neste sentido, a promoção da intervenção através do jogo simbólico impulsionará esta espontaneidade, explorará a linguagem verbal e não verbal, a alternância de vez, e a imitação, quer do parceiro de jogo quer de situações vivenciadas, com uma flexibilidade e variedade crescente, aumentando ainda os tempos de atenção conjunta e a regulação comportamental.