E quando a borboleta não sai do casulo?
Quando o desenvolvimento do bebé ou da criança está em risco é importante apostar na intervenção precoce.
Acima de tudo, antes de existir o problema, a dificuldade, a disfunção, e sabendo de antemão que existe um risco muito provável de acontecer, já se está a intervir em todo o ecossistema para aumentar os fatores de proteção ao desenvolvimento da criança. O psicomotricista é um técnico precioso num processo de intervenção precoce, já que entende a criança na sua globalidade e através do jogo, da brincadeira, da relação tónico- -emocional envolve-se com a criança e todo o ecossistema protegendo o desenvolvimento da criança. Como qualquer processo de intervenção implica uma avaliação prévia, ampla, mas centrada na criança e família, para definir forças, fraquezas e objetivos de intervenção. Depois é traçado um plano de intervenção para a criança e o seu ecossistema. Como em qualquer processo este será continuamente avaliado ao nível de eficácia e eficiência. Agora que a borboleta tem todo o ecossistema a ajudar ganha mais força e será muito mais fácil romper o casulo, abrir as asas e voar.
Estima-se que uma média de 23% das crianças em países desenvolvidos tenham alguma dificuldade de desenvolvimento.
A MELHOR INTERVENÇÃO É A PREVENÇÃO
Já diziam os antigos que prevenir é o melhor remédio. Nas dificuldades do desenvolvimento esta é a máxima. A intervenção precoce "apanha" a criança num período do desenvolvimento ótimo, onde verdadeira magia acontece. Na realidade, a janela de tempo que vai até aos três anos é a mais rica em desenvolvimento neural, onde a criança tem cerca do dobro das conexões neurais de um adulto. É neste período que toda a intervenção deve ser feita, com vista a potenciar a manutenção destas conexões. Tudo o que se possa fazer é importante, mas mais importante é que tire 15 a 20 minutos por dia para se dedicar verdadeiramente ao seu filho. Pense nas suas necessidades de desenvolvimento e parta daí. Estimule mais a linguagem ou a motricidade global com coisas tão simples como ler-lhe um livro com ilustrações ou jogar à apanhada com ele.
Ricardo Fiúza in Pais&Filhos