Brincar e aprender

05-11-2015

"Com a Paula faço fichas, mas com a Ana Rita eu brinco!" disse o Telmo com um ar feliz e satisfeito, referindo-se às sessões de psicomotricidade.

Cada vez mais existem mais materiais para as nossas crianças aprenderem, cada vez se adicionam mais metas e objetivos. Criam-se agendas e vivemos escravos delas, balançando ao seu ritmo. Os momentos não planeados são cada vez mais raros, e até já nos falta uma certa espontaneidade para os viver em plenitude! Às nossas crianças cada vez menos chegam esses momentos, quer na escola, quer em casa. Momentos de descontração e liberdade, onde possam ser piratas, princesas, médicos e dragões! Onde possam fazer o que todas as crianças mais precisam: brincar!

 E que se desenganem os mais céticos! A brincar também se aprende! A brincar as crianças potencializam as suas capacidades criativas, usam o corpo de modo livre construindo os seus limites, lidando com imprevistos e com o espaço exterior e relacionando-se com outras crianças. 

Nas sessões de psicomotricidade, através das ideias da criança e do psicomotricista, desenvolvem-se atividades que motivam a criança, e que estimulam o seu desenvolvimento, as suas dificuldades mas potencializam também o que ela tem de melhor... A criança sente que está a brincar, mas está também a aprender... está a usar o seu corpo, a sua imaginação, está a assumir novos papéis, a comunicar. Aprende conceitos espaciais, conhece o mundo dos objetos, ganha autonomia, capacidades preceptivas, exercita os seus sentidos e faz-de-conta. 

Existem três etapas fundamentais no brincar, segundo Piaget. Dos 0 aos 2 anos, verificam-se sobretudo os jogos de exercício, sendo que neste período a criança adquire competências essencialmente motoras, manifesta comportamentos de imitação, manipula e explora objetos. 

Dos dois aos sete anos de idade, surge o jogo simbólico, "faz-de-conta". Assim os objetos adquirem outros significados, ajudando a criança a produzir e estruturar imagens mentais. A criança aprende papéis sociais culturais, imagina e representa. A partir dos sete anos, as brincadeiras orientam-se para o desenvolvimento de estratégias e tomada de decisões. São os chamados jogos de regras, que são habitualmente desenvolvidos nesta idade e que são uma forma excelente de trabalhar competências como a reflexão, controlo da impulsividade e socialização.

Sabia que:

As atividades motoras, implícitas no brincar, promovem o sentido de intencionalidade, permitindo ao ser humano o desenvolvimento de capacidades de adaptação face a desafios do envolvimento físico e social?

FORTALECER relação pais-filhos

Brincar estimula a resolução de situações-problema e a resiliência, fazendo com que a criança organize as suas próprias estratégias. Estudos revelam ainda que brincar com os filhos é a melhor forma de fortalecer a relação pais-filhos. E para brincar nem sempre é preciso um brinquedo caro: podemos fazer os nossos próprios brinquedos e assim brincar ainda mais, a aprender! E tirar uns minutos para brincar com o seu filho, irá certamente ser um momento de construção e conhecimento para ambos!

AJUDA A brincadeira permite a compreensão dos significados de situações que por vezes a criança ainda não é capaz de verbalizar

Ana Rita Martins in Pais&Filhos